A glândula tireoide e suas doenças
A tireoide é uma glândula que pesa normalmente de 25 a 30 gramas. Fica na parte anterior baixa do pescoço. Localiza-se adiante da laringe (caixa da voz) e da traquéia. Apresenta dois lobos, o direito e o esquerdo, unidos entre si através de um istmo, tendo a forma de “H”. Em geral, as doenças de tireoide são de instalação lenta. As mulheres são mais acometidas que os homens.
Produz dois hormônios, o T3 e o T4, que regulam o metabolismo do corpo, crescimento e desenvolvimento. O iodo, utilizado na fabricação dos hormônios tireoidianos, é obtido basicamente pela alimentação. Algumas regiões são tradicionalmente carentes do iodo, contudo, ações governamentais fizeram incluir iodo no sal de cozinha. Assim, atualmente, são raras as regiões de carência de iodo e onde exista o bócio endêmico – de ocorrência em grandes contingentes da população.
Doenças da tireoide
1) Quanto ao funcionamento:
– Hipertireoidismo (funcionamento exagerado)
– Hipotireoidismo (tireoide “preguiçosa”)
2) Bócio: todo aumento no tamanho da glândula. Pode ocorrer também em situações como na puberdade e na gravidez. O bócio pode ser:
– Difuso: a glândula toda está aumentada
– Nodular: nódulos (caroços)
HIPOTIREOIDISMO – TIREOIDE “PREGUIÇOSA”
O hipotireoidismo – tireoide pouco ativa – ocorre quando a glândula tireoide não produz quantidade suficiente dos seus hormônios – T3 e T4. Pode ser congênito (quando a criança nasce com esta condição) ou adquirido, sendo a causa mais comum a tireoidite crônica de Hashimoto, muito encontrada em mulheres com mais de 40 anos de idade.
O hipotireoidismo ocorre em cerca de 20% das pessoas. Ocorre uma diminuição no metabolismo: diminuição do apetite, intolerância ao frio, pele seca e espessa, cabelo frágil, cansaço, disfonia, constipação, fraqueza muscular e perda de memória. O espessamento de pele e tecido subcutâneo é o chamado mixedema. O diagnóstico é confirmado pela queda dos hormônios T3 e T4 e aumento do TSH.
O hipotireoidismo neonatal pode ser diagnosticado pelo chamado “teste do pezinho”. Como os hormônios tireoidianos são muito importantes para o desenvolvimento do cérebro, se o diagnóstico não for feito, a criança terá sérias repercussões no seu desenvolvimento mental e físico, resultando no chamado cretinismo. O quadro inclui retardo mental, dificuldade visual, macroglossia (aumento do tamanho da língua), astenia e cansaço. O diagnóstico logo após o nascimento evita esses sintomas e a criança terá um desenvolvimento normal.
O tratamento do hipotireoidismo é simples: a reposição de hormônio sintético, por meio de um comprimido diário tomado por via oral, cuja dose é orientada pelo especialista. Uma vez acertada a dose adequada, convém realizar controles clínicos anuais com a dosagem dos hormônios no sangue.
HIPERTIREOIDISMO
O bócio difuso tóxico é conhecido por Doença de Graves, em homenagem ao médico irlandês que o descreveu, em 1835. Há normalmente um aumento no volume da glândula tireoide como um todo à palpação. Caracteriza-se pelo hipertireoidismo – produção aumentada dos hormônios tireoidianos T3 e T4.
A quantidade aumentada de hormônios tireoidianos circulantes leva a diversos sinais e sintomas: nervosismo, perda de peso, perda de gordura e de massa muscular, intolerância ao calor, taquicardia, com pulso acelerado, palpitações, mãos quentes, úmidas e trêmulas e bócio (aumento de volume da glândula). Os sintomas refletem uma aceleração no metabolismo do organismo. Assim, por exemplo, apesar de um aumento do apetite, há uma perda do peso. O chamado exoftalmo, situação em que os olhos estão protuberantes, “saltados”, oftalmopatia, está presente em metade dos casos.
Há três tipos de tratamento:
1) Medicamentoso
A primeira abordagem deve ser por meio de drogas anti-tireoidianas. Devem ser utilizadas por tempo prolongado – meses ou anos – e, ao serem suspensas, mais da metade dos pacientes volta a ter os sintomas novamente;
2) Dose terapêutica de iodo
O paciente ingere uma dose calculada de iodo radioativo que, ao ser captado pela tireoide, destruirá a glândula. O uso em pacientes jovens é questionado, devido a possíveis efeitos da radiação;
3) Cirurgia
A tireoidectomia está indicada para casos em que a glândula é muito volumosa. É também o melhor método para pacientes abaixo dos 25 anos de idade.
NÓDULO E CÂNCER
O nódulo tireoidiano é um aumento de volume no pescoço que faz corpo com a glândula tireoide. Ele pode ser único ou múltiplo. É muito frequente na população feminina. A grande maioria das pessoas portadoras de nódulo na glândula desconhece que o tenham e viverão e morrerão com ele, sem que cause qualquer distúrbio.
Atualmente, o principal teste para detecção de malignidade é a chamada punção aspirativa por agulha fina, em que é feito um “agulhamento” do nódulo. O material recolhido é preparado e enviado para um médico anátomo-patologista, que fará sua leitura.
Há diversas causas para a formação de um nódulo tireoidiano. O câncer é a menos comum, porém, é a mais importante. Assim, a principal razão para se investigar um nódulo é diagnosticar aqueles que são malignos.
O câncer de tireoide é conhecido como um “câncer bonzinho”, pois em geral não é muito agressivo e a chance de cura por meio da cirurgia é muito alta.
A CIRURGIA DA TIREOIDE
A indicação cirúrgica dos nódulos pode ser resumida em quatro itens:
1) Hipertireoidismo;
2) Quando é compressivo, deslocando estruturas vizinhas, como os grandes vasos e a traquéia;
3) Estética (indicação relativa);
4) Suspeita ou confirmação de malignidade. Aqui, os principais parâmetros são a experiência clínica do médico examinador e os achados da punção-biópsia por agulha.
Hoje em dia, a operação da glândula tireóide é feita com bastante segurança. Uma inovação recente é a cirurgia minimamente invasiva vídeo-assistida, de que nosso grupo é pioneiro no Brasil.
Vantagens da cirurgia da tireóide vídeo-assistida:
– Cicatriz bem menor que o habitual (cerca de 2 centímetros)
– Menor tempo cirúrgico e anestésico
– Pós-operatória mais confortável, com menos dor
– Não é necessário usar dreno
