Radioiodoterapia para tratamento do câncer
O radioiodo ou Iodo131 ou Iodo radioativo é usado para tratamento complementar do câncer bem diferenciado da tireoide – papilífero e folicular.
A administração é efetuada algumas semanas após a cirurgia para retirada total da glândula por carcinoma papilífero ou folicular. O método permite a eliminação de restos, seja no próprio pescoço, seja em metástases (raízes) à distância, como em pulmões, ossos, cérebro e fígado.
Por outro lado, o radioiodo eliminará restos normais da glândula e isso permitirá realizar, daí em diante, um acompanhamento oncológico mais seguro do doente, por meio da dosagem periódica da Tireoglobulina sérica, verificada por dosagem de sangue. Supostamente, um paciente que se submeteu à tireoidectomia total e complemento com radioiodo deverá permanecer com a Tireoglobulina indetectável ou muito baixa e qualquer aumento, no decorrer dos anos, pode significar volta da doença.
O radioiodo não é um tratamento inócuo. Em outras palavras, ele pode causar sequelas, como boca seca (por inflamação crônica das glândulas salivares), infertilidade masculina, malformação congênita (em crianças de mulheres grávidas) e outros. São complicações pouco frequentes, mas que podem ocorrer.
Assim, devem haver critérios para a indicação do radioiodo, que deverão ser discutidos com o cirurgião responsável, para que o tratamento seja utilizado quando realmente tiver indicação.
O preparo para o radioiodo é cansativo, pois o paciente deverá, durante o prazo de um mês, evitar todas as possíveis formas de contato e ingestão de Iodo, exemplo: frutos do mar, alguns vegetais, tinturas de cabelo, etc. Os serviços de Medicina Nuclear possuem protocolo próprio e, no momento em que a data da dose terapêutica é agendada, calcula-se o período de um mês que a antecede para proceder a essa preparação.
Outro aspecto importante é que a dosagem do hormônio TSH esteja bastante elevada no sangue do paciente, para que haja estímulo para a absorção do Iodo131 por parte dos eventuais resquícios de tireoide normal e doente. Para que se obtenha isso, há duas possibilidades:
1) Suspender o uso da levotiroxina (hormônio da tireoide) durante esse período de um mês, o que levará o paciente a um estado de hipotireoidismo que, no entanto, reverterá após a aplicação da dose terapêutica e do reinício de uso do hormônio;
2) Aplicação do TSH recombinante, em injeções intramusculares, nas vésperas de receber o radioiodo e cuja indicação deve também ser individualizada e discutida com o cirurgião.
