Disfagia: problemas com a deglutição
O ato de engolir ou deglutir ocorre aproximadamente 1000 vezes ao dia. Trata-se de uma complexa ação que visa transportar o conteúdo da cavidade oral (saliva, alimento, líquido ou medicamento) até o estômago. Muitos fatores podem alterar o processo da deglutição, como doença neurológica, pulmonar, oncológica e o próprio envelhecimento.
A ação da deglutição é comandada pelo sistema nervoso. Ocorre pela ação de músculos esqueléticos, que devem ter mobilidade, força, velocidade, amplitude, coordenação e precisão adequadas. Depende ainda das glândulas salivares e das estruturas ósseas, como dentes, maxilares e o osso hióide e da laringe (caixa da voz).
A deglutição é dividida nas seguintes fases:
– Antecipatória: é o preparo para o início da deglutição, incluindo o estímulo sensorial (visual e olfativo) para a vontade de alimentar-se e a salivação. A saliva umedece a boca e amolece a comida.
– Oral: é voluntária e subconsciente. Compreende a preparação e o transporte do alimento. Envolve ações de lábios, língua, mandíbula, palato e bochechas, dentre outros. O alimento é manipulado e mastigado. Ocorre a trituração e a umidificação.
– Faríngea: compreende o fechamento velofaríngeo para prevenir refluxo de alimento para o nariz; ação de fechamento da laringe para prevenir aspiração para as vias respiratórias; contração dos músculos da faringe e abertura da transição da faringe para o esôfago para a passagem do bolo alimentar.
– Esofágica: é involuntária. Termina quando o bolo alimentar passa pelo esfíncter esofágico inferior e chega ao estômago. O alimento demora de 8 a 20 segundos para percorrer o esôfago.
As variações da normalidade ocorrem entre jovens e idosos. Com isso, a ocorrência maior de disfagia é a partir dos 60 anos, com risco de 10 a 30% na população idosa – portanto, é muito frequente. Perda de dentes, sensação de boca seca e outras doenças associadas podem contribuir para lentidão do processo de engolir.
Tumores podem causar disfagia, pelo efeito de massa, por dor, limitação de abertura da boca etc. Os tratamentos (cirurgia, radioterapia e quimioterapia) também podem causar, como sequela, disfagia. As doenças neurológicas, por sua vez, podem acarretar sequelas agudas ou crônicas, discretas ou graves, incluindo dificuldades em lidar com as secreções, especialmente a saliva. A avaliação clínica é de extrema importância para um diagnóstico adequado e consequente planejamento do tratamento e reabilitação e/ou adaptação da alteração.
Livro. Foi lançado, pela Editora DiLivros, a obra “Deglutição, voz e fala nas alterações neurológicas”, de autoria de Ana Paula Brandão Barros, Rogério Dedivitis e Raquel Blanco de Sant’Anna, 37 colaboradores e 317 páginas. O livro é voltado para profissionais da Saúde que lidam com as alterações da deglutição.
